6 de novembro de 2009

Partes do poema "Tabacaria"

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

...

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

...

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o ímpossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superficie,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.


Álvaro de Campos

1 comentário:

  1. ai credo!
    so tu para pores no blog uma parte deste ENORME poema, que me provocou várias dores de cabeça.
    tava a ver que nunca mais acabava aquele horripilante trabalho.
    seca!!!!!!!

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pegadas na areia